Uma pichação num muro com a frase ?Viver não cabe no lattes?, ambas, imagem e frase, amplamente compartilhadas nas redes sociais, expressam bem o que me motivou a reescrever a minha apresentação aqui. Sim, a vida não cabe num currículo e, por isso, preferi fazer uso desse espaço não para resumir e/ou destacar aspectos da minha formação, da minha trajetória acadêmica e profissional ou ainda das minhas produções intelectuais, informações que já constam no meu currículo, mas, antes, para acrescentar o que no lattes não se registra. Falo aqui da nossa produção diária no campo da reprodução social, o trabalho que o capitalismo não reconhece como tal, tido como improdutivo, ainda que essencial para prover as necessidades humanas, ou seja, o trabalho doméstico. E esse trabalho invisibilizado, não remunerado, ainda que participe da produção da riqueza social, recai, sobretudo, sobre nós, mulheres, por conta da estrutura machista/patriarcal do capitalismo. Sendo assim, acrescento à minha produção acadêmica e profissional, o meu trabalho no âmbito da reprodução social, reproduzindo a mim mesma e a outros na esfera dos cuidados, como mulher, como esposa, como mãe de três filhos, dois ainda menores de idade, com os cuidados que partilhei como nora, até novembro de 2011, como irmã, até fevereiro de 2016, e como filha, até maio de 2018. E não nos esqueçamos que na atual configuração do capitalismo em que o emprego virou empregabilidade e o trabalhador foi convertido num prestador de serviços, estamos o tempo todo tendo que nos auto produzir para nos manter empregáveis, auto produção esta que faz parte também da esfera da reprodução social. Aliás, a cisão entre as esferas da produção e reprodução foi gerada no e pelo capitalismo, e nada mais estranho que esta divisão, visto que a produção é, antes de mais nada, produção para atender às necessidades sociais, humanas, logo, produção para a reprodução, produção para a vida! Apartar a esfera da reprodução social da produção só fez e faz aumentar a exploração do trabalho das mulheres no processo da acumulação capitalista, que se sustenta sob as diferenças, desigualdades, hierarquias e divisões que produz e reproduz. Daí a minha escolha em usar este espaço para registrar funções outras que concentro, além das remuneradas que exerço/exerci como assistente social, docente, técnica, pesquisadora, para que não nos esqueçamos que a maior parte dos trabalhos realizados é o de cuidados voltados à reprodução social!
graduate at Serviço Social from Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994), master's at Production Engineering from Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998) and ph.d. at Social Service from Universidade Federal do Rio de Janeiro (2004). Has experience in Social Service, focusing on Social Service, acting on the following subjects: reestruturação produtiva, trabalho, requalificação, trabalho, cidade, desenvolvimento, portos, trabalho, políticas de emprego, qualificação, família, política social, assistência and desenvolvimento local, inclusão social.