Este estudo teve como objetivo detectar os fatores de risco na temática da incidência da lombalgia na capina na cultura do café, particularizando a realidade do município de Caratinga, em Minas Gerais. Foi investigada em dois momentos; no primeiro foram realizadas filmagens e entrevistas individuais com 14 trabalhadores, em quatro áreas rurais deste município, enquanto tentativa de acesso a informações sobre as características do espaço produtivo e dos trabalhadores, bem como das relações produtivas. E no segundo, foi aplicado o Questionário Nórdico e utilizado o LMM, como instrumentos para desvendar além de caracteres de 21 trabalhadores rurais, a retratação dos riscos e da incidência desta doença em nível ocupacional. Os resultados obtidos possibilitam evidenciar que estas tarefas são executadas por indivíduos na sua idade produtiva; de ambos os sexos com predomínio do masculino; destacando-se que as mulheres se dedicam a dupla jornada e existem trabalhadores jovens. A incidência de distúrbios músculo-esqueléticos entre os trabalhadores foi de 42,8 % sendo o mais acometido dor nas costas inferior. Os fatores de risco identificados podem ser divididos em relação a vida diária, como atividade monótona; fatores psicossociais; fumo; alcoolismo; longas jornadas com mais de 40 h/semana ; posto de trabalho sem exigências de qualificação e despreocupação com riscos individuais. Reforça-se que o ambiente de trabalho apresenta possibilidades de fatores de risco físico, como o uso de técnicas manuais aleatórias sendo utilizado como instrumento de trabalho a enxada , inexistindo projeto ergonômico. A realização das tarefas cotidianas no espaço produtivo implica em atividade postural com predomínio em flexão (100% ) e desvios do tronco lateral em rotação, repetitividade do movimento com ciclos de 5 minutos ininterruptos em posição estática e dinâmica conjugadas. Assim, pode-se evidenciar que existe possibilidade de lesão não imediata para o iniciante, entretanto latente para o trabalhador que vem dedicando a este serviço a longo tempo. Reforça-se também que estas situações revelam que uma possível explicação para a origem desta queixa de lombalgia deve estar relacionada à alta repetitividade de movimentos de flexão e extensão com o tronco e a manutenção da postura encurvada por longos períodos de tempo. A postura encurvada para ser mantida requer uma contração levando à fadiga muscular que ao se tornar crônica leva a dor.Acredita-se que os resultados deste estudo são relevantes e demonstrativos da necessidade de estudos futuros, reconhecendo-se que o desconforto das dores lombares não é só física, mas também psicossocial.
