Esta tese investiga as práticas de paternidade e os sentidos atribuídos a ela por pais de primeiro e único filho, pertencentes às camadas populares do município do Rio de Janeiro. Foram entrevistados homens e mulheres, pais de crianças de até três anos, focalizando os cuidados do homem pai nas fases de gestação, parto e três primeiros meses de vida. Foram realizadas 14 entrevistas semi-estruturadas, cujo conteúdo foi analisado à luz da Análise do Discurso, com respaldo teórico nos estudos de gênero. A análise do material apresenta várias produções de sentido relacionadas à paternidade, como provimento, responsabilidade, masculinidade, amadurecimento, emoção, alegria, participação, mudança de foco diante da vida. Mostra também a participação frequente do pai durante a gestação da companheira e na fase inicial da vida do bebê. Os modelos de família e masculinidade dos pais correspondem a modelos ideias, nem sempre compatíves com a realidade vivida. O atendimento em saúde é evidenciado como deficitário e pouco preparado para o atendimento à população masculina. Os resultados apontam para mudanças na paternidade, que tem se mostrado mais participativa e afetiva, embora ainda persistam representações tradicionais como a de pai provedor. Os dados assinalam para a possibilidade de construção de relações de gêneros mais equilibradas, bem como apontam mudanças nas relações familiares. Conclui-se sugerindo programas de educação e saúde mais eficazes, bem como a necessidade de revisão urgente da licença paternidade
This thesis investigates the practices of fatherhood and the meaning assigned to it by fathers of first and only child, belonging to the lower classes in the municipality of Rio de Janeiro. We interviewed men and women, parents of children up to three years, focusing on the care of father to the process of pregnancy, childbirth and the first three months of life. We carried out 14 semi-structured interviews whose content was considered in the light of discourse analysis, with theoretical support in gender studies. The analysis of the material presents several productions of meaning related to paternity, such as upheld, responsibility, masculinity, maturity, emotion, joy, participation and change of focus towards life. It also shows the frequent participation of the father during pregnancy and in the initial care for the baby. The models of masculinity and family ideas are not always compatible with the reality. The health care is reported not only as deficient but also poorly prepared to care for the male population. The results indicate changes in parenthood, which have been shown to be more interactive and affective, although there are still representations as the father as the traditional provider. The data point toward the possibility of building a more balanced gender relation and indicate changes in family relationships