Efeitos do discurso atual da ciência médica na demanda de análise das crianças Documento uri icon

  •  
  • Visão geral
  •  
  • Pesquisas
  •  
  • Identidade
  •  
  • Ver todos
  •  

tipo

  • master thesis

abstrato

  • Esta dissertação tem como proposta abordar as contribuições da Psicanálise à clínica com crianças e as relações existentes entre os discursos hegemônicos atuais da ciência médica e o preocupante aumento da medicalização e patologização da infância e adolescência na atualidade. Discutimos inicialmente as contribuições que a Psicanálise traz para o tratamento com crianças, com destaque na questão de que o sofrimento psíquico não implica forçosamente haver doença. Verificamos que as diversas práticas existentes que promovem e sustentam a medicalização e patologização da infância são sustentadas por um cientificismo ideológico resultado da degradação da ciência ao se associar com o capitalismo. O atrelamento e a submissão da ciência médica ao capitalismo são comprovados pelos investimentos maciços realizados pela indústria farmacêutica ao financiar e promover campanhas públicas de designação de novas doenças, ditas “transtornos”, que na maioria das vezes não tem consistência alguma. A falta de validade e rigor científicos são claramente observadas nas últimas edições do DSM. Apesar do manual se colocar como ateórico, descritivo e não etiológico, ele se afina com as vertentes teóricas organicistas e comportamentais e se tornou uma referência para médicos, psicólogos e outros profissionais que trabalham com a saúde mental. As questões de ordem eminentemente subjetivas são tratadas pela psiquiatria biológica, neurociência e psicologia comportamental como um transtorno neurológico comportamental. A ampliação no número de doenças observadas no DSM-V revela que este manual promove também a fabricação de novos quadros e consequentemente novos psicofármacos, elevando enormemente a medicalização da vida.
  • This dissertation proposes to investigate the contributions of Psychoanalysis to the clinic with children and the existing relationships between the current hegemonic discourses of medical science and the unsettling increase in the medicalization and pathologization of childhood and adolescence today. We initially discussed the contributions that Psychoanalysis brings to the treatment of children, with emphasis on the issue that psychological suffering does not necessarily imply the existence of a disease. We found that the various existing practices that promote and support the medicalization and pathologization of childhood are supported by an ideological scientificism resulting from the degradation of science when associated with capitalism. The connection and submission of medical science to capitalism are evidenced by the massive investments made by the pharmaceutical industry in financing and promoting public campaigns for the designation of new diseases, known as “disorders”, which in most cases have no consistency. The lack of scientific validity and rigor is clearly seen in the latest editions of DSM. Despite the manual being classified as atheoretical, descriptive and non-etiological, it is in tune with the organicist and behavioral theoretical approaches and has become a reference for doctors, psychologists and other professionals working with mental health. Eminently subjective issues are treated by biological psychiatry, neuroscience and behavioral psychology as a behavioral neurological disorder. The increase in the number of diseases observed in the DSM-V reveals that this manual also promotes the production of new conditions and, consequently, new psychotropic drugs, greatly increasing the medicalization of life.

data de publicação

  • 2020-01-01