A presente pesquisa volta-se para o ensino da escrita na educação básica. Em um primeiro momento, desenvolve-se uma crítica a metodologias que supervalorizam o trabalho com a forma e a estrutura do texto. Em momento posterior, com base na concepção sociointeracional da linguagem, defende-se uma prática pedagógica de uma escrita estratégica e criativa. Estratégica, pois o enunciador realiza ações discursivas, recorrendo a diferentes recursos linguísticos, a fim de obter determinados efeitos de sentido. Criativa, porque, na elaboração do texto, o autor-aprendiz conta com a possibilidade de escolher as estratégias e os recursos mais ajustados aos seus propósitos. Elegeu-se o artigo de opinião como o principal instrumento para o desenvolvimento da metodologia, pois consiste em um gênero discursivo muito maleável e suscetível a decisões estratégicas dos seus autores, com fluidez composicional, estilística e temática. Com vistas a comprovar tal hipótese, analisaram-se trinta exemplares do gênero recolhidos em três periódicos (O Globo, Folha de São Paulo e Época) entre agosto de 2014 e janeiro de 2015 e divididos em cinco categorias, de acordo com a estratégia de construção textual predominante: ironizar, simular conversa, repetir palavras e estruturas, dialogar com textos e gêneros e comparar. Em sala de aula, os artigos, em consequência de seu caráter híbrido e heterogêneo, servem de modelos de escrita no árduo desafio de formar escritores competentes. Assim, defende-se a leitura atenta de textos modelares como uma das ações típicas do processo de compor textos mais criativos, ao lado de outras como pesquisar, planejar, textualizar e revisar