Estudos recentes mostraram que na saliva do principal vetor da leishmaniose, o flebótomo Lutzomyialongipalpis, encontram-se componentes vasoativos, como o peptídeo maxadilan (MAX), um potente vasodilatador que contribui para infectividade de várias espécies de Leishmania. Os efeitos vasoativo e pró-inflamatório do MAX são mediados por sua ligação altamente seletiva ao receptor pituitário tipo 1 (PAC1). Trabalho recente do nosso grupo destacou a ação pró-inflamatória do MAX, mostrando que esse peptídeo induz aumento da permeabilidade vascular in vivo e ativação de leucócitos em vênulas pós-capilares. Contudo, não há na literatura relatos sobre os efeitos diretos do MAX em células endoteliais, bem como estudos sobre os mecanismos moleculares que modulariam estas ações. O presente estudo visa investigar os efeitos do MAX sobre as células endoteliais. Utilizando um modelo experimental no qual as células da microvasculatura humana (HMEC-1) foram incubadas ou não com MAX, vimos que o peptídeo foi capaz de levar aumento da permeabilidade endotelial de maneira dependente do receptor PAC1. Além disso, o peptídeo foi capaz de promover a fosforilação e dispersão de VE-caderina, induzindo sua internalização econseqüentetranslocação de β-catenina para o núcleo. O MAX promoveu reorganização do citoesqueleto de actina, fosforilação da proteína FAK no resíduo 397 e sua associação com actina, além da redistribuição de paxilina e sua colocalização com actina no ponto de adesão focal. MAX induz a translocação de Src para membrana, bem comosuacolocalização e associação com VE-caderina nas junções aderentes. Finalmente, vimos que a inibição farmacológica da proteína Src reduz o efeito de MAX no aumento na permeabilidade endotelial. Em conjunto, nossos dados sugerem que os eventos inflamatórios induzidos pelo MAX envolvem o rompimento da barreira endotelial após sua interação como receptor PAC1. Uma melhor compreensão dos efeitos do peptídeo sobre o endotélio pode conduzir ao desenvolvimento de estratégicas mais específicas para o tratamento da leishmaniose. Além disso, o MAX pode se tornar uma nova ferramenta para o estudo da biologia da célula endotelial
Recently, it was demonstratedthat saliva of Lutzomyialongipalpis, main vector of leishmaniosis, presents vasoactive components such as Maxadilan (MAX), a potent vasodilator that contributes Leishmaniainfectivity. The vasoactive and pro-inflammatory effects of maxadilan are mediated by its highly selective pituitary receptor type 1 (PAC1). Recent work from our group highlights the proinflammatory actions of maxadilan, showing that this peptide increases in vivo vascular permeability and leukocytesactivation in post-capillary venules. However, the effects of MAX in endothelial cells, as well the molecular mechanisms involved in these actions are not well described. This study aims to investigate the effects of MAX on endothelial cells. First, human microvascular (HMEC-1) were incubated in the absence or presence MAX and we demonstrated that this peptideis able to increase endothelial permeability in a PAC1 -dependent manner. In addition, MAX was able to promotephosphorylation and dispersion of VE-cadherin, inducing its internalization and subsequent β-catenin nuclear translocation. Also, MAX promoted reorganization of the actin cytoskeleton, redistribution of paxillin and its colocalization with actin in the focal adhesion, Furthermore, MAX inducesFAKphosphorylation at residue 397 and its association with actin. MAX induces Srctranslocation to membrane and its association with VE-cadherin in the adherens junctions. Finally, Src inhibition reducesthe effects of MAX in the endothelial permeability. Together, our data suggest that the inflammatory events induced by MAX involve the disruption of the endothelial barrier after interaction with PAC1 receptor. A better understanding of MAX effects on endothelium may leads to the development of more specific strategies for the leishmaniosis treatment and a new tool for the study of endothelial cell biology