A Marcha do Parto em Casa foi uma passeata ocorrida em junho de 2012 em 31 cidades brasileiras motivada por declarações do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro de que entraria com processo ético-disciplinar contra um médico que declarou em entrevista veiculada num programa de televisão que o parto é um ato natural, que pode ocorrer no local de escolha da mulher, inclusive em casa. Posteriormente, este conselho profissional publicou duas resoluções: uma impedindo os médicos de participarem de partos domiciliares e obrigando os plantonistas das emergências obstétricas a reportarem quaisquer intercorrências assistidas por eles de mulheres oriundas de partos domiciliares ou Casas de Parto; e outra impedindo a entrada de doulas, obstetrizes e parteiras nas maternidades do estado do Rio de Janeiro, responsabilizando o diretor técnico da instituição caso isto ocorresse. A partir do conceito-ferramenta formulado por Felix Guattari, este trabalho analisa a Marcha do Parto em Casa como analisador dos movimentos pela humanização do parto, a partir de seis entrevistas realizadas com organizadoras e participantes da Marcha em diferentes cidades do país. Estuda os atores e suas ações para a realização desta mobilização, as ações do Conselho Regional de Medicina e coloca a questão do parto como um mercado em disputa.
The March for Home Birth was a protest that took place on June 2012 in 31 Brazilian cities motivated by a statements from the Regional Council of Medicine of Rio de Janeiro, that claimed that there would be a ethical and disciplinary process against the doctor that explained in an interview on a television program that childbirth is a natural act, and therefore can take place wherever the women determines, including at home. Subsequently, this professional council issued two acts: one preventing doctors from participating in home births and obliging the emergency obstetricians to report any incidents identified by them, in which women were coming from home deliveries or any place that wasn't emergency rooms, the other act was preventing the entry of doulas, obstetricians and midwives in the maternity that belonged to the state of Rio de Janeiro, blaming the Hospital's technical director if that took place. From the concept formulated by Felix Guattari, this papers analyzes the March for Home Birth with a goal to identify the movements for the humanization of labour, departing from six interviews with the organizers and participants of the march in different cities of the country. It will provide a study on the actors and their actions to accomplish the realization of this movement, the acts by the Regional Counsil of Medicine and finally raises the question of the labour as a market dispute.