Cesárea? Não, Obrigada! : estratégias de uma rede social de gestantes para enfrentar o sistema das cesáreas por conveniência médica no Brasil.
Documento
Brazil is today the country with the highest C-section rate in the world. However, not every woman in the country wishes to undergo the procedure, which can cause injury and undesirable outcomes to their bodies. This dissertation is based on the netnography of a group discussion about humanized childbirth in Brazil. The group is called C-section? Thanks, but no thanks! , and operates on Facebook. This group is made up by a significant number of participants who seek vaginal birth. Among group participants there are women who migrate from private health care services provided by health plans to the public health system (SUS), in search of greater autonomy and respect for their choices. Women from different social brackets post on the Facebook group in order to tell their stories and share their path to a vaginal delivery in order to inform expecting women on how to deal with medical authority and to warn them against the reasons, given by obstetricians, which led them towards unwanted cesareans. This study analyzed twelve different stories, for which express written consent was obtained. It was found that there is a women s movement to help women through the dissemination of scientific articles, birth videos, and healthcare protocols. Through the social network group women convey information so that members are able to develop strategies to attain their goal: vaginal delivery and a healthy baby, and a cesarean only if necessary. The group was monitored daily for a period of 60 days, and a study of the birth stories published was carried out, with emphasis on the practices described and the values that describe the experience of giving birth vaginally. The study was structured in three stages. Stage one comprised of participant observation in the virtual group. During stage two, community mapping was undertaken. Stage three was devoted to the analysis of the birth stories of women that delivered through the Brazilian Public Health System (SUS). The analyses aimed to investigate the categories that emerged through the selected birth stories and how they operate towards advocating a particular point of view in opposition of the hegemonic technocratic model of birth in Brazil.
O Brasil é na atualidade o país com a maior taxa de cesáreas no mundo. Contudo, nem todas as mulheres desejam submeter-se a esse procedimento, que pode trazer lesões e repercussões indesejáveis para seus corpos. Esta dissertação baseia-se em uma netnografia de um grupo virtual de discussão sobre parto humanizado denominado Cesárea? Não, obrigada! , presente na rede social Facebook. O referido grupo abriga um número expressivo de participantes que buscam o parto normal; entre elas, há as que migram da atenção privada via planos de saúde para o SUS no momento de parir em busca de maior autonomia e respeito por suas escolhas. Muheres de diferentes segmentos sociais escrevem no Facebook com o intuito de narrar suas trajetórias e o itinerário do parto que obtiveram para informar outras gestantes sobre como lidar com a autoridade médica e as razões alegadas por obstetras para levá-las a cesáreas indesejadas. São doze relatos diferentes analisados nesta pesquisa, com a autorização expressa de suas autoras. Observa-se um movimento de ajuda entre mulheres via divulgação de artigos científicos, vídeos de parto e protocolos de atendimento. Trata-se de transmissão de informação para que as usuárias da comunidade consigam desenvolver esquemas para alcançar seu objetivo: parto normal com bebê saudável e cesárea apenas se for necessária. Foi realizado o acompanhamento diário do grupo pelo período de 60 dias, uma análise a partir das narrativas de partos tornadas públicas na rede, com ênfase nas práticas descritas e nos valores que informam a experiência de parir por via vaginal. O estudo foi estruturado em três etapas. Na primeira, realizou-se a observação participante no grupo virtual. Na segunda, foi empreendido mapeamento da comunidade. A terceira etapa constitui-se na análise das narrativas de parto no SUS, na qual se buscou examinar as categorias que emergem nas histórias de parto e como elas se articulam para a defesa de um ponto de vista específico de contraponto ao modelo tecnocrata hegemônico de nascimento.