De acordo com o conhecimento informal, Calea uniflora Less. é amplamente utilizada na região sul de Santa Catarina (Brasil); no entanto, não há estudo etnobotânico específicos desta planta, como também não há em literatura a caracterização do solo onde se desenvolve. Sua composição química ainda não é bem definida e não há estudos que comprovem a segurança de utilização da planta por via oral. Por estes motivos, este trabalho teve por objetivo, determinar o conhecimento que a população detém sobre C. uniflora, popularmente conhecida como arnica-da-praia, no Município de Balneário Rincão (SC). Pretendeu-se ainda avaliar as características nutricionais do solo de desenvolvimento da planta, verificar teor de compostos fenólicos no extrato hidroalcoólico das partes aérea de C. uniflora, bem como a toxicidade aguda em ratos Wistar. Foram realizadas entrevistas semiestruturada com 372 pessoas com aplicação de formulário, sendo entrevistados residentes do Município de Balneário Rincão (SC), totalizando 372 pessoas, sendo este o N representativo da amostra total. A análise do solo foi realizada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), caracterizando o teor de macro e micronutrientes do solo. O doseamento de compostos fenólicos foi realizado utilizando-se as metodologias do Folin Ciocalteu e cloreto de alumínio. O potencial toxicológico agudo foi realizado conforme a resolução nº 90, de 16 de março de 2004 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Os resultados mostraram que 94,1% dos entrevistados conhecem C. uniflora e que destes 74,3% fazem uso como planta medicinal, evidenciando assim que C. uniflora é amplamente conhecida e utilizada no Município de Balneário Rincão. As indicações populares mais citadas foram: cicatrização, dor muscular, e hematomas. O modo de preparo predominante foi a maceração e as vias de administração mais citadas foram a tópica e oral. Verificou-se que a população tem grande credibilidade no uso desta planta, pois 98% relataram que ela não é tóxica. A transmissão de conhecimento entre familiares foi de 84,6%. O solo onde se desenvolve C. uniflora, no bairro Pedreira, apresentou características de um solo pobre em macronutrientes e concentrações altas dos micronutrientes zinco, cobre, manganês e ferro. O doseamento de compostos fenólicos demonstrou que o extrato hidrooalcoólico de C. unifloraé rico em polifenois, tendo aproximadamente 4,6 g de flavonoide e 15,8 g de polifenois totais a cada 100g de extrato. O estudo toxicológico agudo não mostrou efeito tóxico do extrato em ratos tratados nas doses de 100, 250, 500 e 1000 mg/Kg por via oral. Como não houve óbito durante o estudo, a DL50 para o extrato hidroalcoólico das partes aérea de C. uniflora é superior a 1000 mg/Kg. Portanto, pode-se sugerir que a planta é vastamente utilizada no município do Balneário Rincão, cresce em solos pobres em macronutrientes, apresenta teor elevado de compostos fenólicos e possui baixa toxicidade em tratamento agudo.