A exposição controlada à radiação gama é um processo físico que pode ser utilizado na preservação e recuperação de documentos históricos. Dependendo das características intrínsecas do material a ser tratado, é necessário pesquisar e estabelecer, de tempos em tempos, a taxa de dose e a dose total mais adequada, as condições para eliminar ou reduzir o risco biológico, o equipamento e sua logística, os aspectos econômicos e outros impactos causados pela radiação no material a ser tratado. As referências indicam que por meio da pesquisa é possível consolidar o conhecimento a respeito da radiação gama emitida por fontes de 137Cs ou 60Co de maneira a remover completamente ou reduzir drasticamente infestações por insetos e biodeterioração por microrganismos. Nesse trabalho foram utilizados dois irradiadores: um irradiador de pesquisa tipo cavidade com fonte de 137Cs pertencente ao Instituto de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear do Exercito Brasileiro; e um irradiador de pesquisa marca MDS Nordion, com fonte de 60Co pertencente ao Laboratório de Instrumentação Nuclear da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O código MCNPX foi usado para calcular a distribuição de dose em ambos os irradiadores. Tanto as amostras de papel irradiadas, quanto às não irradiadas foram submetidas a envelhecimento térmico seco e exposição à radiação ultravioleta, possibilitando a comparação entre diferentes tipos de envelhecimento. Os resultados dos testes de resistência mecânica e de medição de cor indicam que, com a dose total adequada, o tratamento por exposição à radiação gama não altera as propriedades físicas ou mecânicas do papel e tintas de impressão de maneira significativa. Dessa maneira, é possível concluir que apesar da complexidade do procedimento de irradiação de documentos históricos, que demanda um estudo detalhado com vistas a assegurar sua aplicação segura, esta é economicamente interessante quando o equipamento se encontra disponível sendo ambientalmente mais segura do que o uso de pesticidas químicos.