Nesta tese foi realizada uma análise ontológica da relação entre a "questão da saúde dos trabalhadores" (ou simplesmente "questão") e o "campo da saúde do trabalhador" (ou simplesmente "campo"). Foi desenvolvido um estudo teórico fundamentado nas categorias ontometodológicas propostas por Karl Marx e György Lukács. A partir da revisão de bibliografia e de documentos que tratam das relações entre trabalho e saúde, sobretudo no Brasil, foram extraídas as informações pertinentes à (re)formulação de uma teoria, à luz da perspectiva ontológica marxiana/ lukacsiana, capaz de demonstrar a relação entre "questão" e "campo", nas suas múltiplas determinações. Foi constatado que a "questão" tem sua "estrutura originária" consignada ao antagonismo entre capital e trabalho, reproduzindo, em seu interior, a natureza "contraditória" deste último. Dessa maneira, o caráter destrutivo do capital se expressa, também, na degradação da saúde daqueles que o produzem. A partir do momento em que os trabalhadores enfrentam a "questão", é constituído um novo padrão de investigação e intervenção sobre esta, no qual os próprios trabalhadores são os protagonistas do processo. Assim, a "questão", na sua dinamicidade, demanda o surgimento do "campo", que vem à tona com uma proposta contra-hegemônica em relação aos tradicionais campos da Medicina do Trabalho e da Saúde Ocupacional. Apesar disso, o "campo" integra o sociometabolismo do capital, tendo sua construção consignada ao mesmo. Isto põe uma série de limitações à apreensão científica integral da "questão", bem como às intervenções forjadas no âmbito político-institucional, em especial, através das políticas sociais. A conclusão que tais abstrações analíticas proporcionam é que se faz urgente uma ruptura científica, política, enfim, uma ruptura em geral, com as arenas que o "campo" frequenta, no seu processo de legitimação. Só dessa forma os que compõem o "campo", assim como os que estão fora dele, mas que se acham envolvidos com a "questão", poderão enfrentá-la na sua "essência", contribuindo para o enfrentamento do capital.
This thesis was made an ontological analysis of the relationship between the "issue of the health of workers" (or simply "issue") and the "field of the health of worker" (or simply "field"). A reasoned theoretical study in ontomethodological categories proposed by Karl Marx and György Lukács was developed. From the review of both literature and documents addressing the relationship between work and health, particularly in Brazil, relevant information was extracted on the (re)formulation of a theory in the light of the Marxian/ Lukacsian ontological perspective, able to demonstrate the relationship between "issue" and "field" in its multiple determinations. The "issue" was found to have its "original structure" related to the antagonism between capital and labor, reproducing in its interior, the "contradictory" nature of the latter. Thus, the destructive character of capital is expressed also in the health degradation of those who produce it. From the moment the workers face the "issue", a new standard of research and intervention is built on it, highlighting the need for the workers themselves be the protagonists of the process. Thus, the "issue" in its dynamics demand the emergence of the "field", which comes up with acounter-hegemonic proposal in relation to the traditional fields of Occupational Medicine and Occupational Health. Nevertheless, the "field" is part of the social metabolism of the capital, having its construction consigned to the latter. This puts a number of limitations to the full scientific apprehension of the "issue", as well as to the forged interventions in the political-institutional framework, particularly concerning social policies. The conclusion such analytical abstractions provided is an urgent scientific, political rupture with the arenas the "field" gets inserted in its process of legitimation. Only then can those who make up the "field", as well as the ones outside it but who are involved with the "issue", face it in its "essence" thus contributing to face the capital.
