A indústria têxtil e de confecção é uma das cadeias mais preocupantes pelos impactos ambientais que estão envolvidos na fabricação das peças.Com o crescimento populacional, aumentou a geração de resíduos, sendo que no Brasil somente 20% são reutilizados. A construção civil é uma das áreas que frequentemente busca alternativas para o uso de resíduos como forma de valorizá-los e, em alguns casos, de melhorar as propriedades e o desempenho das edificações. Com base nisso, produziram-se argamassas de revestimento com a incorporação de aparas de tecido, avaliando-as como forma de reforço e como material para isolamento térmico. Para isso, o resíduo foi desfiado manualmente para se assemelhar às fibras existentes no mercado, e foi caracterizado quanto à composição (tipo de tecido) e resistência mecânica. Nas argamassas, realizaram-se ensaios físicos e mecânicos. A melhor composição elencada pela análise estatística do planejamento experimental foi avaliada em ensaios térmicos a 40 e 60 ºC, sendo comparada com a amostra de referência. As análises demonstraram que o resíduo é composto por celulose, com propriedades compatíveis tanto com algodão, quanto com viscose. Quando introduzido nas argamassas, elevou a relação água/aglomerante para um mesmo índice de consistência. Em relação à referência, com exceção da aderência à tração, as resistências mecânicas das argamassas com os fios do tecido foram inferiores, mas atenderam ao mínimo estabelecido em norma para a compressão e tração na flexão. Essa redução está associada à quantidade de água adicionada à mistura. No ensaio de aderência, todas as argamassas com resíduo aderiram ao substrato e somente uma composição (2% de fios com 1 cm de comprimento) não atingiu a resistência de 0,30 MPa, valor mínimo exigido em norma. Nos ensaios térmicos a 60 ºC, a composição com o teor de resíduo de 3% em comprimentos de 3 cm apresentou um desempenho satisfatório, pois a temperatura da superfície da placa em contato com o interior da estufa foi aproximadamente 12 ºC menor que a da referência. Essa característica contribui com a durabilidade das estruturas, pois reduz os processos de dilatação e contração e, consequentemente, o surgimento de fissuras.