Devido à mudança no padrão de distribuição das doenças, com a ascensão das doenças crônicas não transmissíveis, entre elas o câncer, bem como sua magnitude e a da obesidade como problemas de saúde pública nos dias atuais, estudos recentes buscam avaliar a associação entre obesidade e câncer. Muitas metanálises de estudos de coorte e caso-controle têm apontado para existência de associação entre obesidade e câncer de esôfago (apenas adenocarcinoma), cólon, reto, rim, fígado, vesícula biliar, endométrio, mama, leucemias, melanoma maligno e pâncreas. Desta forma, torna-se importante a avaliação desta associação no nosso contexto, considerando a ausência de estudos dessa abordagem no Brasil e a evidência a partir da literatura internacional em apontar a obesidade e o sobrepeso como fator de risco para alguns dos tipos de cânceres mais incidentes no Brasil. O objetivo do presente estudo é avaliar a correlação entre obesidade e mortalidade por diferentes tipos de câncer na população brasileira. Trata-se de um estudo ecológico em que as unidades de análises fora as unidades de federação. As informações sobre mortalidade foram extraídas do DATASUS para indivíduos acima de 20 anos, referente ao período de 2006 a 2013. Os coeficientes de mortalidade foram padronizados por idade e em seguida foi calculada a média móvel de três anos. A prevalência de obesidade foi calculada a partir dos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (2002-2003). Foram calculados coeficientes de correlação parcial entre a prevalência de obesidade e coeficiente padronizado de mortalidade para cada tipo de câncer estudados, estratificado por sexo; as variáveis de ajuste foram renda per capita média e prevalência de fumantes no estado. Foram incluídos nas análises os cânceres de esôfago, cólon, reto, rim, vesícula biliar, pâncreas, endométrio e mama feminina. Os resultados apontam para existência de associação entre obesidade e todos os tipos de cânceres estudados para o sexo masculino, com coeficientes de correlação parcial variando entre 0,54 a 0,66. Para o sexo feminino os coeficientes variaram de -0,14 a 0,21 entre os tipos de cânceres estudados, apontando para ausência de correlação ou correlação fraca em ambas as direções, sem significância estatística.
Due to the change in the distribution pattern of diseases, with the rise of chronic noncommunicable diseases, including cancer, as well as its magnitude and obesity as public health problems, recent studies seek to evaluate the association between obesity and cancer. Many meta-analyzes of cohort studies and case-control have pointed to the existence of association between obesity and esophageal cancer (adenocarcinoma only), colon, rectum, kidney, liver, gall bladder, endometrial, breast, leukemias, malignant melanoma and pancreas. Therefore, it is important to evaluate this association in our context, considering the lack of studies of this approach in Brazil and the evidence from the international literature to point out the obesity and overweight as a risk factor for some of the types of cancers incidents in Brazil. The aim of this study is to evaluate the correlation between obesity and mortality from different types of cancer in the brazilian population. This is an ecological study in which the units of analysis were the federation units. The mortality data were extracted from DATASUS for individuals over 20 years from 2006 to 2013. The mortality rate was standardized for age and then was calculated the moving average of three years. The obesity prevalence was estimated from the data of the brazilian Household Budget Survey (2002-2003). Partial correlation coefficients were calculated between the prevalence of obesity and standardized mortality rates for each type of cancer studied, stratified by sex; the adjustment variables were average per capita income and prevalence of smokers by state. Were included in the analyzes the esophagus, colon, rectum, kidney, gallbladder, pancreas, endometrium and female breast cancers. The results suggest there is an association between obesity and all kinds of cancers studied for males with partial correlation coefficients ranging from 0.54 to 0.66. For females the coefficients ranged from -0.14 to 0.21 between the types of cancers studied, indicating no correlation or weak correlation in both directions, with no statistical significance.