Esta Tese pretende ser uma contribuição para o conhecimento da escultura brasileira entre 1840 e 1889. A partir da recopilação e crítica dos estudos realizados até o momento, criando um estado da questão como ponto de partida, pensamos num estudo mais geral e abrangente, e não um estudo de caso propriamente dito, devido ao conhecimento fragmentário da escultura entre a Missão Francesa e Rodolpho Bernardelli. Assim, decidimos pensar a escultura de um modo mais amplo, uma base mais ou menos sólida sobre a qual se possa caminhar e refletir. Conscientes da impossibilidade de dar conta de totalidade da história da escultura, optamos por organizar esta Tese em torno a algumas questões centrais, tentando assim contemplar um espectro o mais vasto possível. Para isso, organizamos o estudo da escultura do mais oficial ao mais particular, ou seja, dos âmbitos escultóricos ligados ao governo e ao império ou à Academia de Belas Artes, passando por âmbitos menos conhecidos e estudados, como os escultores que trabalhavam fora da Academia, em outras instituições como o Liceu de Artes e Ofícios, ou o estudo dos espaços de trabalho dos escultores e da indústria nacional. Além de destacar estas questões centrais, ao mesmo tempo, identificamos os principais escultores, dando notícia de sua biografia e principais obras. As nossas perguntas apresentam o intuito de tentar entender a escultura como uma unidade, destacando seu caráter próprio, levantando problemas que, em nossa opinião, resultam importantes na hora de compreendê-la. Sem considerá-la como um campo isolado, pois participa do mesmo ambiente cultural e das mesmas circunstâncias que o restante das artes, tratamos de perfilar algumas questões ou problemas próprios. Em cada capítulo, nos questionamos como a escultura está se comportando dentro de alguns temas ou lugares importantes que percorrem a história da arte, como o projeto civilizatório do império; a formação de uma arte nacional; os monumentos públicos; a arte de temática indianista; a Academia Imperial de Belas Artes; o Liceu de Artes e Ofícios; os artistas à margem da Academia; e, por fim, os espaços de trabalho, como ateliers, marmorarias e fundições artísticas.