O presente trabalho deteve-se no estudo, à luz de pressupostos sociofuncionalistas, do fenÃmeno de variaÃÃo linguÃstica nas formas verbais imperfectivas de passado em espanhol, em contextos de uso do pretÃrito imperfeito do indicativo e das perÃfrases imperfectivas no espanhol oral granadino, encontrados nas entrevistas em estudo e levou em consideraÃÃo as motivaÃÃes linguÃsticas e extralinguÃsticas. Uma das formas da constituiÃÃo interna verbal de uma determinada situaÃÃo à a imperfectividade, a qual o falante, dependendo da dinÃmica interna do verbo e de sua escolha, percebe somente parte da situaÃÃo, isto Ã, nÃo à possÃvel perceber seu inÃcio e nem o seu fim. Os objetivos que nortearam a nossa pesquisa foram: (i) mapear as funÃÃes aspectuais das formas verbais imperfectivas de passado no espanhol oral granadino que estejam em variaÃÃo; (ii) examinar, nas funÃÃes que apresentam variaÃÃo, os condicionamentos linguÃsticos (tipos de verbos, sequÃncia discursiva nas entrevistas sociolinguÃsticas, presenÃa ou ausÃncia de modificadores aspectuais, tipo de frase e Modalidade â realis x irrealis), considerando o princÃpio de marcaÃÃo e (iii) investigar a influÃncia dos fatores extralinguÃsticos (sexo, idade e nÃvel de instruÃÃo), considerando o princÃpio de marcaÃÃo. Para o desenvolvimento da pesquisa, utilizamos dados de Entrevistas SociolinguÃsticas do Proyecto para el Estudio SociolingÃÃstico del EspaÃol de EspaÃa y de AmÃrica (PRESEEA â Granada), a partir de uma metodologia quali-quantitativa. Desse modo, foram coletadas 36 das 54 entrevistas, de acordo com a escolha das variÃveis de estratificaÃÃo (3 nÃveis de instruÃÃo X 3 grupos de idade X 2 sexos X 2 informantes por cÃlula) e teve como aporte teÃrico: (i) a SociolinguÃstica variacionista, a partir das consideraÃÃes de Labov (1972a, 1978, 1994, 2001, 2003, 2010), Beatriz Lavandera (1978), Silva-CorvalÃn (2001), Company Company (2003), LÃpez Morales (2004) e Blas Arroyo (2005); (ii) o Funcionalismo givoniano (GIVÃN, 1984, 1990, 1995, 2001e 2005) e (iii) o Sociofuncionalismo, de acordo com Tavares (2003). ApÃs o processamento necessÃrio no programa estatÃstico Goldvarb (2005), obtivemos um total de 2.596 dados, sendo que 2.251 desses sÃo de formas do pretÃrito imperfeito do indicativo (86,7 % do total), e 345 de perÃfrases imperfectivas de passado no espanhol oral de Granada (13,3% do total de dados). Duas funÃÃes tiveram variaÃÃo nas duas formas em estudo (habitual e progressiva). Em nosso corpus, dos 2.596 dados obtidos no total, encontramos 1.523 formas de pretÃrito imperfeito no Aspecto habitual (58,6% do total de dados). Jà as formas perifrÃsticas de passado ocorreram em 110 dados (4,2%). Os resultados revelaram que os falantes granadinos preferem a forma de pretÃrito imperfeito do indicativo, sendo a forma menos marcada e de mais fÃcil processamento. Ademais, ao se utilizar a forma de pretÃrito imperfeito do indicativo como regra de aplicaÃÃo, o programa Goldvarb (2005) selecionou grupos relevantes, em ordem de significÃncia, os seguintes grupos de fatores linguÃsticos e extralinguÃsticos foram: i) modalidade, que a forma de pretÃrito imperfeito do indicativo tendeu em aparecer nas sentenÃas de modalidade realis; ii) tipos de verbo, em que os fatores processo culminado, seguido do estado e, logo, da culminaÃÃo favoreceram a ocorrÃncia do pretÃrito imperfeito do indicativo e iii) presenÃa ou ausÃncia de modificadores aspectuais, na qual a presenÃa de modificadores aspectuais favoreceu o uso do pretÃrito imperfeito do indicativo e, na ausÃncia, houve uma tendÃncia maior da ocorrÃncia de perÃfrases. Jà no Aspecto progressivo, encontramos 683 formas de pretÃrito imperfeito do indicativo (26,3% do total dos dados obtidos). As perÃfrases imperfectivas, por sua vez, ocorreram em 230 dados (8,8%). E assim como no Aspecto habitual, os falantes preferem a forma menos marcada (pretÃrito imperfeito do indicativo). Esta forma, que os falantes preferiram, foi utilizada como regra de aplicaÃÃo na funÃÃo progressiva. Assim, o programa estatÃstico selecionou os grupos de fatores relevantes em ordem de significÃncia, a saber: i) modalidade, na qual a forma de pretÃrito imperfeito do indicativo tendeu a aparecer na modalidade realis; ii) tipos de verbo, em que os verbos de processo culminado e estado favoreceram o uso do pretÃrito imperfeito do indicativo e iii) sexo, a mulher tendeu a usar mais a forma imperfectiva pretÃrito imperfeito do indicativo. Concluiu-se que hà variaÃÃo linguÃstica das duas formas em estudos nas funÃÃes habitual e progressiva, sendo a forma de pretÃrito imperfeito do indicativo a mais utilizada pelos falantes granadinos. Desse modo, trata-se de uma variaÃÃo estÃvel.