Este estudo surge de uma provocação ocasionada, continuamente, pela práxis analítica sustentada em um hospital público, mais especificamente, em um Núcleo de Trabalho em Onco-Hematologia, serviço de referência para o tratamento de câncer em crianças e em adolescentes, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O câncer, a partir do momento em que é diagnosticado, advém como um corte que produz uma ruptura nos sentidos dados até então à vida e ao futuro, os quais, por um tempo, ficam em estado de suspensão, convocando, cada qual, à edificação de um singular posicionamento. Nesse processo, em função da imediata associação do câncer com a morte, cuja opacidade engendra um enigma que horroriza e em face da qual faltam as palavras, um afeto se faz pregnante: a angústia. Com o objetivo de elaborar as questões suscitadas, essa pesquisa faz do conceito da angústia o seu fio teórico principal, o qual articulado ao conceito de transferência, permite destacar os fundamentos que subsidiam a clínica psicanalítica exercida, nesse contexto, com esses jovens pacientes, seus familiares e com a equipe, e a reflexão sobre sua incidência, seus alcances e seus limites