In the hands of Hannah Arendt the Holocust became an academic subject. In "The Origins of Totalitarianism" she defined Nazism and Communism as forms of dominations unkown by tradition and classical political thought. Hitler and Stalin were empirical evidence of a new time, where the past, or the historical as the master of life in the sense given by Machiavelli, was unable to illuminate the present. She studied the tragedy of Israel with the eyes of Alexis de Tocqueville; the destruction of the Jews presents the same mechanism present in the suppression of the aristocracy of France. The novility and the Jews, as well as the Soviet victims, were powerless politically. Totalitarian terror suppressed the old distinction between friend and foe, its ideologies defined who should die. But the great majority of scholars of the Final Solution (the Nazi jardgon for the extermination of the Semites) is unaware of Tocqueville's relationship to the German ´philosopher's interpretation of the insane Bolshevik and National Socialist procedures. This text seeks to fill this gap using anthropological studies and historical analysis showing that the murder of the weak and powerless is a natural resorce when cultural boundaries disappear and the war of all against all becomes a reality.
O Holocausto se tornou um tema acadêmico pelas mãos de Hannah Arendt; "As origens do totalitarismo", publicado em 1951, delimitou a reflexão sobre o tema postulando a originalidade de uma ordem política desconhecida da tradição e do pensamento político clássico. O nazismo e o comunismo eram a evidência empírica de uma nova temporalidade, onde o passado, ou a história como mestra da vida no sentido dado ao termo por Maquiavel, era incapaz de lançar qualquer luz sobre o presente. A tragédia dos judeus ela analisou com os olhos de Alexis de Tocqueville e seu modelo de interpretação da revolução francesa, levando-a a arguir para Israel uma condição similar àquela dos aristocratas no Antigo Regime. A nobreza e a judiaria, como a maior parte das vítimas dos soviéticos, foram exterminadas apesar de efetivamente serem impotentes politicamente; o terror como meio de governar suprimiu a antiga distinção de amigo e inimigo e instaurou a ideologia como critério de escolha das vítimas. Curiosamente os críticos de Hannah Arendt e os estudiosos da Shoah - ou a solução final da questão judaica, o jargão nazista para o extermínio - desconheceram a apropriação do paradigma de Tocqueville pela filósofa alemã e a sua assertiva enfática em afirmar a condição única na história dos procedimentos insanos de bolcheviques e nacional-socialistas. Tentaremos aqui preencher este hiato pelo recurso aos estudos antropológicos mostrando ser o assassinato dos mais fracos e impotentes um recurso natural quando os interditos culturais se esboroam, quando a guerra de todos contra todos se torna uma realidade.