A identidade linguística do capixaba não é fenômeno sobre o qual se tenha grande conhecimento. Pode-se, inclusive, afirmar que traços característicos dessa identidade não são imediatamente nítidos para quem visita Vitória, nem para os próprios capixabas. Se indagados a respeito desta questão, até mesmo os próprios capixabas afirmam que falam uma variedade não-marcada (à semelhança do que dizem os brasilienses da sua variedade em formação); e, caso se desloquem para outros estados, não são linguísticamente identificados. Muitas são as razões para tal desconhecimento, entre as quais está a ausência da descrição da variedade falada em Vitória. Para suprir tal lacuna na descrição do português falado no Brasil foi criado, sob a perspectiva da Sociolinguística Variacionista, o Projeto Português Falado na Cidade de Vitoria (PortVix), projeto este que gravou, entre 2001 e 2002, quarenta e seis entrevistas com informantes nascidos em Vitória, divididos segundo as variáveis relativas ao gênero do informante, à sua idade e à sua escolaridade. O presente grupo de pesquisa objetiva discutir, à luz da perspectiva variacionista (Labov, 1972 - 2008), a existência ou não de marcas na fala capixaba. Em outros termos: pergunta-se se a fala capixaba possui marcas próprias ou se, ao contrário, é não-marcada, isto é, se nela prevalece a ausência de marcas. Pretende, também, mostrar como a variedade capixaba se apresenta diante de outras variedades brasileiras. Para tanto, serão analisados fenômenos morfossintáticos e sintáticos, como a concordância nominal, a variação nós/a gente, a variação você/cê e a ausência/presença de artigo definido diante de antropônimos e possessivos, o preenchimento do objeto direto anafórico, a expansão dos usos do gerúndio e a variação subjuntivo/indicativo.