A pesquisa pretende propiciar o desenvolvimento de uma metodologia de estudo interdisciplinar, subsidiada pelo cruzamento de vários discursos teóricos e artísticos assim como avaliar a capacidade da arte em ressignificar objetos culturais através de un deslocamento.O projeto levará em consideração duas vertentes. A primeira contemplará os processos de produção da obra; a outra colocará em pauta a questão da identidade do artista a partir da noção do ?artista como etnógrafo?, elaborada conceitualmente pelo historiador e crítico Hal Foster em The Return of the Real. Outro problema que nos ocupa é a configuração do corpo e suas aparições na arte contemporânea. Em meados do século XX - mais precisamente, por ocasião da segunda guerra mundial -, já se pode notar uma acentuada preocupação com os problemas relativos ao corpo. O arianismo, os experimentos médico-científicos realizados na Alemanha nazista, o holocausto judeu, dão incontestáveis provas do fato. Só depois, em consequência do alcance nefasto das ações praticadas pelo movimento nazista, e por efeito de deslocamentos e de resignificações, os acontecimentos de então assumem as proporções que hoje lhes são atribuídas. O holocausto torna-se, então, um paradigma, quando se trata do entrelaçamento de duas problemáticas muito caras à contemporaneidade: o corpo e a memória.Em vista disso, impõe-se a necessidade de pensar esse(s) corpo(s) e essa(s) memória(s) na perspectiva da cultura contemporânea. Neste contexto, ganham destaque as intervenções realizadas a partir do campo das artes visuais, por seu poder de provocar reflexões e ações efetivas. As recentes demandas de memoriais e monumentos para lembrar as catástrofes do século XX colocam os artistas ante o desafio de como e de que maneira lembrar. A fotografia perfila-se hoje como uma técnica privilegiada nos recordatórios por seu valor de evocação do desaparecido e do ausente.