O projeto tem como proposta a leitura de narrativas antigas e modernas tomando como pressuposto a materialidade dos textos, isto é, o mundo dos textos em sua relação com os leitores que somos nós. Nesta perspectiva, o mundo dos textos não seria o mundo onde viveram e agiram seus autores, nem o mundo em que vivem e agem seus leitores, mas a compreensão que acontece no encontro e na fusão de horizontes de tradições distintas que a escrita possibilita. Nosso objetivo é explorar esse distanciamento instaurado pela escrita na medida em que ela suspende a referência primeira e permite, assim, o surgimento desse outro mundo interpretado que denominamos mundo do texto. Nessa pesquisa sobre narrativas, as metáforas possuem um lugar central, pois elas mesmas são um deslocamento que está presente em nossos mais antigos mitos de origem e literaturas. Antes de ser ou ter, aprendemos a ir. Como as figuras de linguagem variam segundo as épocas, vamos considerar essa variabilidade como o tesouro e os limites de nossa tradição. Ainda que as separações discursivas nem sempre estejam definidas de modo evidente, nosso projeto mantém as distinções entre a narrativa da história, que pretende dizer o que realmente aconteceu, e a narrativa da ficção que diz o que não aconteceu, mas poderia acontecer.Nesse momento, a pesquisa vai incorporar, para além das narrativas de viagem e historiográficas,algumas peças trágicas gregas, sobretudo as de Eurípides para analisar o alcance de um outro tipo de logos, ou seja, o logos que pertence ao teatro e abre novas possibilidades de saber no encontro entre temas antigos e seus espectadores na polis grega.