A Ndel1 foi isolada pela primeira vez do citosol de cérebro de coelho em meados da década de 70, utilizando a bradicinina como substrato. A caracterização bioquímica da Ndel1 permitiu demonstrar que esta enzima é uma endopeptidase tiol-ativável, insensível ao EDTA, e capaz de hidrolisar seletivamente peptídeos de 7 a 13 resíduos de aminoácidos.A geração de mutações pontuais e a expressão da respectiva proteína recombinante possibilitaram determinar que a atividade enzimática da Ndel1 é dependente de um resíduo de cisteína localizado na posição 273, confirmando sugestões anteriores de que a Ndel1 é uma enzima tiol-ativável. Além disto, foi demonstrado também que esta atividade enzimática pode ser regulada pela interação com proteínas presentes no cérebro, como a Disc1 (Disrupted-in-Schizophrenia 1) [Hayashi e cols. (2005) PNAS]. A presença de mutações neste gene, observada em pacientes esquizofrênicos, permitiu sugerir, pela primeira vez, a associação de alterações genéticas e moleculares com a patofisiologia desta doença comportamental.Ensaios utilizando embriões de sapo permitiram sugerir que o promotor da Ndel1 é ativado nas células em processo de diferenciação e migração neuronal durante a embriogênese [Hayashi e cols. (2005) CMC], e a modulação da expressão desta proteína durante o processo de maturação neuronal também foi recentemente comprovada [Hayashi e cols. (2010) Mol Cell Neurosc]. Este estudo irá contribuir para o desenho de estratégias inovadoras que permitam modular a expressão desta proteína, que tem se mostrado ser de suma importância para a patofisiologia de doenças neurodegenerativas, apresentando não apenas um grande potencial como molécula alvo para o desenvolvimento de fármacos, mas também como biomarcador para diagnóstico molecular de patologias neurodegenerativas como a esquizofrenia.