Paraíso perdido, último vestígio do estado de natureza, última fronteira econômica, lugar inóspito habitado por seres monstruosos, atraso, violência naturalizada, explosão de contradições e conflitos, são muitas as representações da Amazônia que buscam inserir essa região no discurso do paradigma civilizatório. Nossa preocupação é colocar em questão tais representações e suas articulações com as formas conceito do Estado e da Sociedade que compreendemos fazerem parte de um projeto de coletividade que não passa necessariamente pelo consenso, como prevê a narrativa contratualista. Mito fundador que escamoteia as diferenças originárias para filtrá-las através de mecanismos institucionais moldantes e adventícios tais como as associações da sociedade civil, os partidos políticos, as eleições e os representantes. Interessa-nos, portanto, apreender como se dão os nexos que ligam as pessoas em cooperação ou não em face do ideal político e da legalidade.