Durante o processo de envelhecimento populacional, parte do ganho em expectativa de vida (EV) reflete, na realidade, anos vividos com alguma incapacidade funcional. No Canadá, por exemplo, a expectativa de vida "livre de incapacidade" (EVLI) em regiões pobres representa somente 75% da EV ao nascer.No Brasil a prevalência de condições incapacitantes se associa diretamente com a idade e inversamente com a renda. A EVLI, ao agregar mortalidade e estado de morbidade em um único indicador, é a melhor estimativa do impacto de cada grupo de doenças (ex. neuropsiquiátricas, osteoarticulares) sobre a independência funcional. O método utilizado para estimá-la calcula, à partir da tábua de mortalidade e estudos de prevalência, quantos anos de vida livre de incapacidade são perdidos.Os projetos deste grupo de pesquisa têm por objetivo determinar a prevalência de dependência, por faixa etária, gênero e grupos de causas e calcular a EVLI. Será possível determinar quantos anos de vida independente teoricamente seriam ganhos através da erradicação ou adiamento de cada grupo de doenças, subsidiando a eleição de prioridades para as políticas de saúde.O grupo pretende ainda validar instrumentos de rastreio ainda não testados, no Brasil, em amostras aleatórias de idosos residentes na comunidade (Questionário do informante sobre declínio cognitivo e versões reduzidas da Escala de Depressão Geriátrica).A execução dos projetos consolidará um grupo de pesquisa emergente, interdisciplinar e interinstitucional, e contribuirá para definir prioridades dentre as ações de saúde direcionadas ao idoso. Desenvolverá, ainda, instrumentos acurados e de baixo custo para detecção de seus principais problemas crônicos, cuja utilização em larga escala no Sistema Único de Saúde poderá contribuir para aumentar a EVLI o que corresponde, em outras palavras, à velha máxima da gerontologia: "Acrescentar anos à vida, e vida aos anos".
