Literatura menor é um termo desenvolvido por Gilles Deleuze e Félix Guattari, em um conhecido trabalho sobre a obra de Franz Kafka. Em jogo, um tipo de literatura de caráter disruptivo, que toma para si a tarefa de desmontar as representações mais usuais do homem e do mundo, em busca de novas formas de pensamento. O presente trabalho pretende analisar a obra de Guimarães Rosa à luz dos apontamentos de Deleuze e Guattari, demonstrando como o escritor brasileiro parece encarnar em sua obra as características que movem uma prática de escrita menor (desterritorialização da língua, ligação do individual no imediato político e agenciamento coletivo de enunciação). Para isso, em primeiro lugar a pesquisa pretende esclarecer conceitos importantes da filosofia deleuzeana no que diz respeito à articulação entre a linguagem e o mundo e ao próprio ato da aprendizagem, a fim de chegar a uma compreensão mais ampla do vocabulário e do pensamento dos autores de Mil platôs. Como último passo, o trabalho descreve como uma literatura como a de Guimarães Rosa pode contribuir para uma formação mais autônoma e crítica do educando. Uma literatura menor, por seu poder disruptivo, pode abalar as estruturas de representação do mundo que alicerçam o pensamento, conduzindo o leitor até novas formas de ver e de pensar. A literatura menor é aquela que buscará escrever as potencialidades de um novo homem e de um novo povo, onde quer que faltem suas condições revolucionárias. E essa parece ser a tarefa que Guimarães Rosa tomou para si em sua obra. A literatura roseana poderia ser vista então como uma importante ferramenta de ensino, no interior das práticas de uma educação menor.