Essa tese se constrói no entorno dos artefatos têxteis desviados da sua utilidade esperada e usados como meio: de resistência, ativismo ou ativação. Para artefatos de resistência são adotados objetos que se desviam de tal modo de seu uso inicial que se tornam símbolo da sua causa. O ativismo têxtil é abordado tanto a partir dos artefatos quanto pela ação. Abordamos o yarnbombing como intervenção para tomada de posição e a produção têxtil em público como formação de uma área de diálogo. Quanto à ativação pelo Design de Moda, orientamos nossa leitura pela produção coletiva, sustentável, que repensa os meios de produzir artefatos, tornando transparentes os processos e sugerindo ao consumidor uma necessária reestruturação econômica contemporânea que perpassa as relações com o consumo de modo geral. Tais desvios de uso são abordados a partir da adoção de três modelos conceituais, tomados de empréstimo das artes visuais (a área de Diálogo de Maurício Ianês e as 5 Peles do Homem de Hundertwasser) e da literatura (as ideias melhores de Amós Oz) que nos auxiliam a desenhar procedimentos práticos para o desenvolvimento de projetos em Design de Moda que possam ser colaborativos, cocriativos e desenvolvidos em coletivo, e em que o designer possa reconhecer a si como materializador de modos de existência, engajado em processos e projetos que produzam, além de objetos, áreas em que seja possível dialogar e, assim, projetar um ambiente ético e sustentável para sua existência pessoal, profissional e em comunidade. Por fim, apresentamos a experiência do LabModAR, iniciativa coletiva e fundamentada no diálogo e na experimentação, coordenada por esta autora, em que se visa exercitar procedimentos éticos e dialógicos em Design de Moda por meio dos projetos que encampa.
This thesis is built around textile artifacts that had their expected use deviated and started to be used as medium: of resistance, activism or activation. As artifacts of resistance were adopted objects that were deviated from their initial use in a certain way, so they became the symbol of a cause. The approach to textile activism happens from both artifacts and actions. We take the yarnbombing as intervention that provides positioning and the public textile production as the conformation of an area for dialogue. As we speak of activation by Fashion Design, we guide our reading through the collective sustainable production, re-thinking the means to build artifacts, making processes more transparent and suggesting to the consumer to necessarily restructure contemporary economic relations with the general idea of consumption. Such deviations of use are approached from the adoption of three conceptual models, borrowed by us from the visual arts ( Mauricio Ianês’ area of Dialogue and Hundertwasser’s 5 Skins of the Human Being) and from literature (Amos Oz’s better ideas) that help us to design practical procedures for the development of projects in Fashion Design that can be collaborative, co-creative and developed in a collective, and in which the designer can recognize him or herself as a materializer of modes of existence, engaged in processes and projects that produce, in addition to objects, areas in which it is possible to dialogue and, thus, to design an ethical and sustainable environment for their personal, professional and community existence. Finally, we present the experience of LabModAR, a collective initiative based on dialogue and experimentation, coordinated by this author, which aims to exercise ethical and dialogic procedures in Fashion Design through its projects