Os Programas de ensino de geografia do Colégio Pedro II de 1926 a 1951: a transição do caráter corográfico ao discurso científico a serviço de um novo projeto de escola e de Brasil.
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A pesquisa propôs uma abordagem sócio-histórica do currículo de Geografia no Colégio Pedro II, a partir da análise dos conceitos-chave e da lógica de organização de conteúdos dos programas de ensino de 1926, 1929, 1931, 1942 e 1951. Numa concepção do currículo como prática de poder, o objetivo foi articular a renovação do pensamento pedagógico e geográfico no contexto da passagem do espaço brasileiro à fase industrial. Conforme mudam as finalidades educativas, muda o que se ensina e como se ensina, sendo os conteúdos influenciados pelo momento histórico (CHERVEL, 1990). Portanto, as alterações na estrutura dos programas de ensino foram analisadas à luz da emergência dos ideais da Escola Nova, da consolidação da Geografia como campo científico-disciplinar e da construção do Estado-nação brasileiro. O período compreendido entre as décadas de 1920 a 1950 representou uma grande transformação no papel da escola e do ensino de Geografia em particular. A ampliação do sistema escolar e a transição de uma geografia administrativa, de nomenclatura e forte caráter corográfico para o discurso científico-explicativo legitimaram a construção de uma identidade nacional e da unidade territorial, tornadas as bases do projeto de poder da burguesia industrial. Considerando que para Goodson (1991) o currículo é um artefato social, fruto das negociações entre agentes internos e externos à escola, a pesquisa considerou as reformas de ensino e a produção intelectual e atuação institucional da comunidade disciplinar de Geografia do Colégio Pedro II no recorte temporal adotado. Por sua contribuição para a construção da Geografia universitária no Rio de Janeiro e para a implantação de uma orientação moderna no ensino da disciplina, numa perspectiva corológica, o trabalho destacou alguns aspectos das histórias de vida , categoria usada por Ivor Goodson, de três (3) professores do Colégio Pedro II: Delgado de Carvalho, Fernando Antônio Raja Gabaglia e Everardo Backheuser. Os anos 1920 a 1950 consolidaram uma geografia brasileira com características próprias (MOREIRA, 2009, p. 35) graças ao esforço de profissionalização e reforma institucional empreendidos a partir da Era Vargas. Da Geografia como a ciência da descrição da paisagem passou-se ao discurso centrado na relação homem-meio, a serviço do projeto de um Brasil urbano-industrial. Situar o Colégio Pedro II e seu corpo docente nesse contexto é fundamental para compreender as disputas que engendraram e foram engendradas pelas propostas curriculares hegemonizadas, o peso político-ideológico da instituição e a função social do ensino de Geografia nessa fase.
The research proposes a social and historical approach about the curriculum of Geography in College Pedro II through the study of keys-concepts and the logical in organization of teaching contents in 1926, 1929, 1931, 1942 and 1951. Based on the conception of the curriculum as a power practice, the objective was articulate the new vision about the pedagogical and geographical thought in a changes context of the Brazilian space during the industrial era. As per the educational purposes change, what is taught and how it is done changes too, whereas the contents are influenced by the historical moment (CHERVEL, 1990) Therefore, the changes in the structure of the teaching programs were analyzed based on: the emergency of the ideas of Escola Nova, the consolidation of Geography as disciplinary scientific field and the construction of the Brazilian nation-State. The time between the decades of 1920 to 1950 represented a big change in the school and Geography teaching function. The enlargement of the school system and the transition of a administrative Geography, which has a meaning and a strong descriptive characteristic to the scientific explicative speech , had legitimate the construction of a national identity and of a territorial unit, became the bases of industrial bourgeoisie power s project. Considering that to Goodson (1991) the curriculum is a social artifact; result of the negotiations between internal and external agents to school, the research considered the teaching reforms and the intellectual production and the institutional performing by the disciplinary community of Geography in College Pedro II in the period previously quoted. Due to the fact that Ivor Goodson had contribute to the construction of the Geography teaching in colleges of Rio de Janeiro and to the consolidation of a new way to teach it, this research emphasizes, in a chronological perspective, some aspects of the stories of life , category used by Goodson, of three (3) College Pedro II s teachers like: Delgado de Carvalho, Fernando Antônio Raja Garbaglia e Everardo Backheuser. The years 1920 to 1950 bring to us a Brazilian Geography with her own characteristics (MOREIRA, 2009, p. 35) thanks to the professionalism and the institutional reform accomplished as from Era Vargas. From Geography as a science of the description of the landscape to the speech focused on the relation human being-milieu, which follows the urban-industrial Brazil s project. Locate the College Pedro II and his characters in this context is essential to understand the battles that caused and were caused by the privileged curricular proposals, the political and ideological influence of the school and the social function of the Geography teaching in this phase.
