O desenvolvimento do turismo em espaços protegidos, como alternativa econômica para as comunidades locais e para a própria unidade de conservação, tem sido discutido pelas sociedades em todo o mundo. O Brasil, embora apresente um vasto arcabouço legislativo no que se refere a esses aspectos, não possui normas legais que promovam a integração entre os diferentes níveis federativos de governo (nacional, estadual e municipal), quando esses estão envolvidos na gestão de territórios turísticos que possuam Parques em seu interior. O objetivo do estudo é identificar, caracterizar e analisar as dificuldades encontradas pelos gestores do Município de Ubatuba e do Núcleo Picinguaba do Parque Estadual da Serra do Mar, no estabelecimento de ações integradas de desenvolvimento do turismo e conservação do meio ambiente. A pesquisa foi desenvolvida em quatro momentos específicos: 1) Elaboração de um instrumento técnico para análise dos documentos que regem a gestão territorial do referido Município e Núcleo; 2) Realização de pesquisa documental (Plano Diretor Municipal, Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar e Agenda 21 local), utilizando-se os 71 itens de avaliação do instrumento; 3) Questionamento dos atores sociais envolvidos no processo de gestão do Município e do Parque (stakeholders); 4) Interpretação das evidências obtidas, por meio da análise de conteúdo. O estudo possibilitou a identificação de problemas e barreiras entre as administrações públicas dos dois órgãos envolvidos com a gestão territorial local, que dificultam o desenvolvimento de ações integradas, bem como a agregação de valor do Parque enquanto atrativo turístico para a região. Dentre eles, destacam-se: desarticulação de ações entre as secretarias municipais; ausência de definição de mecanismos práticos para a realização das ações propostas nos instrumentos de gestão territorial; falta de recursos humanos e financeiros; burocracia; ausência de políticas públicas voltadas ao turismo e ao meio ambiente; e a cultura populacional acostumada ao desenvolvimento do turismo de forma sazonal e predatória. As razões que justificam as dificuldades em incorporar a questão ambiental ao desenvolvimento do turismo local estão diretamente relacionadas às deficiências de integração nas relações, nas ações e nas informações entre os dois órgãos públicos, embora nessa gestão pôde-se perceber que o processo está em fase de modificação. O instrumento proposto poderá servir como ferramenta de análise de gestão para outros municípios com características semelhantes.