A microcirculação exerce papel fundamental no sistema circulatório, responsável pela nutrição e oxigenação tecidual. As arteríolas, vasos de resistência, regulam o fluxo de sangue regional para o leito capilar, onde ocorrem variações momentâneas de fluxo e a troca de água e solutos com o fluido intersticial. A densidade capilar funcional (número de capilares com hemácias em movimento por unidade de área) varia de acordo com as necessidades metabólicas dos tecidos. As vênulas, vasos de capacitância, coletam o sangue e o retorna ao coração e os capilares linfáticos retiram do interstício as proteínas que não retornam ao sangue. Diversas substâncias controlam a microcirculação e várias doenças podem comprometê-la, como disfunção endotelial, diminuição da vasomotricidade (variação rítmica espontânea do diâmetro arteriolar) e da deformabilidade das hemácias, aumento da permeabilidade e da adesão leucocitária em vênulas pós-capilares. Além da oxigenação e nutrição, os capilares são também responsáveis pela retirada de produtos do metabolismo tecidual e a densidade capilar funcional é determinante da sobrevivência do tecido.Nossa hipótese de trabalho é que a disfunção microvascular, avaliada morfológica e funcionalmente [reatividade (vasomotricidade e fluxo de sangue), resposta à isquemia/reperfusão (adesão e rolamento de leucócitos e permeabilidade a macromoléculas) e densidade capilar funcional] ocorre concomitantemente ou mesmo precede a disfunção endotelial (marcador precoce de aterosclerose) e precede a disfunção macrovascular. A avaliação não invasiva da microcirculação em pacientes permite diagnosticar essa disfunção e acompanhar sua evolução temporal. Em pesquisa clínica, investigamos cardiometabólicas (obesidade, diabetes mellitus e síndrome metabólica) e choque séptico e insuficiência venosa crônica e, em modelos experimentais, choque hemorrágico e séptico, hiperglicemia com hiper e hipoinsulinemia e obesidade.