O objetivo da pesquisa foi analisar a intelecção e a possibilidade de interpretação objetiva da realidade, que permitam compreender e contribuir para o ensino de geografia mais adequado e eficiente em subsidiar a construção de leituras da realidade social mais críticas, profundas e criteriosas. Chegou-se à três premissas: a primeira que leituras/crenças são qualitativamente distinguíveis, a segunda que a educação e suas disciplinas sociais (geografia, história, sociologia, filosofia) assim a geografia em sua parte correspondente, devem orientar-se para construção de leituras mais profundas da realidade social, e a terceira que é possível e desejável que o ensino-aprendizagem de geografia seja aperfeiçoado no sentido desse objetivo. Para este fim, advoga-se que é necessário entender como interagem as diversas classes de informação que constituem a intelecção de um indivíduo, não só o conhecimento, com isso o estudo do sistema intelectivo, considerando-o distinto do sistema de aprendizagem. Na aprendizagem a aquisição de novas informações é forte, na intelecção predomina a exposição do já tido. O procedimento de pesquisa baseou-se na aplicação de testes em grupo de alunos do ensino fundamental e médio de escolas pública e particular com perfis distintos específicos para análise e verificação das hipóteses. Há indicativos da existência de padrões/relações entre indivíduos com leituras mais profundas e aqueles com leituras mais superficiais, e como mutuamente diferentes classes de informação se interferem, e interferem na intelecção. Como produto final, a investigação do funcionamento do sistema intelectivo visa fornecer subsídios para que o ensino de geografia possa ser mais efetivo na direção proclamada. Conclui-se que a qualidade da leitura de mundo não está ligada somente ao conhecimento, mas a formas de pensar, a capacidade cognitiva, a capacidade de organização do pensamento, raciocínio e operações mentais complexas, adequação a critérios lógicos e epistêmicos, a potência e amplitude da racionalidade em questão, a capacidade de inclusão e o nível de comprometimento com a vida das pessoas, a capacidade de autocrítica e que é possível a reorientação da escola e do ensino para a atuação pedagógica mais adequada. É possível identificar que os problemas da realidade concreta em geral estão ligados a questões espaciais. A Geografia se liberta da prisão instrumental , pode ter contribuições essenciais para a construção de leituras de mundo de mais qualidade, daí ressalta-se o papel fundamental do ensino de Geografia nesse caminho.